sexta-feira, 3 de julho de 2009

Instituto do Cacau - Interior x Exterior

O edifício instituto do cacau apresenta duas relações de interior e exterior ,a de continuidade, na conformação da fachada introduzindo o espaço interno,bem como, a de contraste manifestado na presença de elementos decorativos.
A planta do edifício consiste num retangular de cantos arredondados, apresenta fachada livre de ornamento, com os planos horizontais marcados no seu exterior através de beirais
, estes sofrem descontinuidade com a introdução de um elemento vertical na fachada principal e tem seus planos verticais são marcados pela janela em fita.

O auditório-biblioteca apresenta grande similaridade com os elementos da fachada, quese mostram claramente através do canto curvo do ambiente criando um ambiente mais simétrico e harmônico e as suas esquadrias.


Essa mesma linguagem é acompanhada pelos ninchos na parte superior da parede bem como os mobiliários.


Ao passar pela entrada principal do predio somos surprendidos pela sala de exposição que apresenta um planta retangular e pilares retos além da grande riqueza de elementos decorativos de motivos amazonicos contrapondo à linguagem externa ,livre de ornamentos.
Apesar de todo contraste inicial, ao observarmos os detalhes de alguns elementos podemos ver ainda as linhas retas de cantos arredondados que fazem referencia ao partido do prédio.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Instituto do Cacau

Na década de 30 a Bahia passou por uma forte crise econômica,vigorada pela cultura do cacau, decorrente da quebra da bolsa de Nova York.Em 1931 , para alavancar a economia do estado o governador da Bahia através do Secretário da Agricultura,Viação,Comercio e obras públicas Drº Joaquim Ignácio Tosta Filho, criou o Instituto do Cacau,com o intuito de organizar todo o processo de produção e comercialização do cacau Salvador , o que facilitaria o escoamento da produção.
O projeto de edifício sede do Instituto ,assinado
em 1932 pelo arquiteto alemão Alexander Buddeus, ocupa uma quadra de 104 x 38 m , possui uma área de 16.250 m² distribuídos em quatro pavimentos.O edifício foi idealizado para representar a modernização da região cacaueira e a exaltação da Bahia no cenário internacional.

O Edifício e seus usos

O edifício teve grande influencia da arquitetura expressionista alemã,um maciço de concreto armado com poucas aberturas, sem ornamentos, linhas retas e quinas arredondadas.






Dos quatro pavimentos que constitui o edifício Instituto do Cacau ,três deles eram atribuídos unicamente à parte industrial ,para armazenagem dos sacos de cacau.No pavimento térreo funcionavam ,além do armazém,um hall de exposição, um auditório-biblioteca , escritórios de administração e assessoria técnica, queocupavam apenas 1/3 da área.

O hall é uma área destinada à exposições referentes ao cacau, desde seu cultivo até a sua industrialização,bem como acesso para ao auditório\biblioteca,área administrativa,assessoria técnica.No interior do hall é possível se deslumbrar com os detalhes decorativos , de estilo marajoara ,que fazem referencia à origem do cacau, a região amazônica.
O auditório-biblioteca apresenta as mesmas características decorativas e funcionava uma área onde eram realizadas seminários educativos e incentivadores para a disseminação da produção do cacau para o fortalecimento da economia, bem como, encontrados diversos exemplares literários para pesquisa relativos à esse tema. Essa configuração espacial é extremamente estratégica para incentivar aos agricultores a aderir ou continuar a utilizar o cacau como produto de cultivo que nesse mesmo ambiente tinha acesso à acessória técnica e empréstimo para investimento realizados pelo BANEB (banco do estado da Bahia ).
O armazém que funcionava no térreo era responsável pela desinfecção e distribuição da produção para os armazéns de estocagem situados nos níveis superiores através de esteiras, deslizadores e elevadores de carga e para o cais através de uma esteira subterrânea construída na Av. da França.
Apesar da grande importância desse edifício para a economia do estado, no sentido do objetivo a que foi destinado,chegou a um certo período(década de 80) em que a crise se agravou evocada pela doença da vassoura de bruxa(Crinipellis perniciosa), e seu momento austero chegou ao fim.
A partir de então outros usos foram sendo agregados ao edifício, hoje o hall do instituto ainda funciona como área expositiva, porem com outra relação social , agora não mais como divulgador do produto da economia baiana e sim como memória a tudo isso.
No armazém térreo estão em funcionamento uma filial da Ebal- Empresa baiana de alimentos s.a ,e o restaurante popular Prato do Povo 1 -que tem como publico alvo a população carente de Salvador- que se estende para o primeiro pavimento onde funciona também o SAC- serviço de atendimento ao cidadão.No terceiro pavimento funciona o DIREC-diretoria regional de educação e parte está em reforma juntamente com o quarto pavimento para sediar a Defensoria publica do estado da Bahia.








A adaptação de um prédio antigo pra uso contemporâneo muitas vezes, se faz necessário a adequação do mesmo às novas necessidades.As empresas atualmente adotam sistema de padronização na organização espacial, uso de materiais,cores, mobiliário e tendem a adaptar o local de instalação ao seu padrão independente das preexistências.No Instituto do Cacau é notório em todas as instalações acrescidas ao edifício.Na área ocupada pelo SAC teve grande parte de seu elementos substituídos de modo a atender ao modelo estabelecidos pela empresa, como ocorre com Bradesco e a Ebal; na instalação da DIREC e o Restaurante Prato do Povo as alteração visam atender ao uso com baixo custo sem preocupação com ostentação. No terceiro pavimento há pouca alteração em relação ao uso de materiais que em sua maioria não se encontra em bom estado de conservação, o único local que houve uma mudança é o hall do elevador que apresenta material ,cor e textura completamente contrastante.






As adaptações aos novos usos feito no prédio em geral se mostram incoerentes, visto que, os novas elementos não mantém uma boa relação com a característica da arquitetura original.

Referências bibliográficas:
-2º Seminário DOCOMOMO N-NE A máquina de armazenar e o ingresso da Bahia na modernidade, Paula De Paoli,Técnica em História da Arte do IPHAN / 7ª. SR e doutoranda em Urbanismo pelo PROURB (UFRJ)
-Arquitetura Moderna no Norte e Nordeste do Brasil:Universidade e diversidade. Recife:FASA/DOCONOMO 2007 Alexander S.Buddeüs na Bahia: a influencia do Modernismo alemão na década de 1930 Paulo Ormindo de Oliveira